segunda-feira, 23 de maio de 2011

Discurso de professora vira hit na web e ganha apoio de secretária do RN

Amanda Gurgel professora de português da rede pública do Rio Grande do Norte, virou nos últimos dias uma "celebridade" na internet depois que o vídeo com seu discurso na Assembléia Legislativa daquele estado, feito em audiência pública na semana passada, foi postado na rede. No seu pronunciamento, Amanda resume a situação da vida de um professor de escola pública em três algarismos: nove, três zero. "São os números do meu salário: R$ 930", discursou a professora. A secretária da educação do estado, Betânia Ramalho, se disse solidária à posição da professora. "Que grito de indignação desperte a sociedadee por um novo projeto de educação para o país", afirmou a secretária.
O vídeo se multiplicou na web e o nome de Amanda Gurgel surgiu entre os mais citados do Twitter. Em quatro dias, o vídeo já teve mais de 200 mil exibições. A repercussão surpreendeu a professora. Em entrevista ao programa "RN TV", da InterTV, afiliada da Rede Globo, Amanda disse que falou apenas o que vive diariamente em seu trabalho. "Falei de forma esportânea. É o que comentamos diariamente nas escolas. No intevalo é só o que a gente fala do cansaço, da rotina, diário, aula trabalho, ônibus para pegar", afirmou a docente, que já tem perfis fakes nos sites de rede social. "Não participo dessas redes por falta de tempo. Não faço parte do mundo da internet."

A professora espera que este sucesso na internet possa de alguma forma mobilizar a população a exigir melhores condições de trabalho para os professores. "Não basta uma mobilização apenas no espaço virtual. Se todas as pessoas estão se identificando com o que eu falei naquele vídeo elas precisam transformar este sentimento em uma ação coletiva."
No discurso para os deputados estaduais, a professora criticou a política educacional do governo. Ela fez um apelo aos deputados potiguares: "Parem de associar qualidade de educação com professor dentro de sala de aula. Porque não tem condição de ter qualidade em educação com professores tendo de multiplicar o que ganha trabalhando em três horários em sala de aula: R$ 930 de manhã, R$ 930 à tarde e R$ 930 à noite".
Após mostrar o contra-cheque e exaltar seu salário, Amanda declarou: "Só quem está em sala de aula e pega três ônibus por dia para chegar em seu local de trabalho é que pode falar com propriedade sobre isso. Fora isso, qualquer colocação que seja feita aqui é apenas para mascarar uma verdade: em nenhum governo, em nenhum momento a educação foi uma prioridade".
Ela reclamou da forma em que os governos relevam a situação dos professores de escolas públicas e o discurso de que cabe à categoria trabalhar pela melhoria do ensino no país. "Estão me colocando dentro de uma sala de aula com um giz e um quadro para salvar o Brasil? Salas de aulas superlotadas com alunos entrando com carteira na cabeça porque não têm carteiras nas salas. Sou eu a redentora do país? Não posso, não tenho condições. Muito menos com o salário que recebo."
Secretária do RN se diz solidária
Em entrevista, a secretária de educação do Rio Grande do Norte afirmou que o pronunciamento emocionado de Amanda Gurgel revelou a realidade do professor brasileiro.  Betânia Ramalho criticou a falta de uma política consolidada de educação no estado. "Foram dez secretários de educação em oito anos, é a face perversa de política descontinuada", disse a secretária, que é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e está há quatro meses no cargo.
"Nós secretários de estado conversamos com Fernando Haddad (ministro da Educação) no mês passado falando dessas questões que afligem os estados. Precisamos saber como podemos fazer uma revolução naeducação pública. Estamos reestruturando a secretaria, investindo na parte pedagógica. Mas temos muitas escolas em situação precária. O problema é da educação pública nacional. Aqui temos escolas que funcionam muito bem e escolas que precisam avançar muito."
Sobre o salário de R$ 930 revelado pela professora Amanda, a secretária disse que é uma luta da categoria que se arrasta há muitos anos. "Podemos dizer que o salário dela está acima do piso nacional para 30 horas, que é de R$ 890. É preciso construir uma carreira docente que coloque professores no mesmo pé de igualdade dos demais profissionais. Mas isto é uma trajetória longa." As informações são do G1.

É gente, infelizmente essa situação é real e ocorre  na maioria dos Estados e municípios brasileiros. Na verdade, há  situações até piores, mas, alguém precisava gritar aos 04 cantos essa verdade. Espero que essa atitude sirva de exemplo não só para os trabalhadores da Educação Pública, mas, para todos os demais trabalhadores das áreas do setor público (e do setor privado), que são explorados, humilhados, oprimidos e que recebem uma vergonha de salário mínimo (que é a maioria dos trabalhadores) para sobreviver, enquanto uma minoria tem seus altos salários e  outras vantagens (Deputados, senadores, vereadores,  e outros) que chega a ser uma afronta a maioria dos trabalhadores. Pelo menos eu me sinto assim, afrontada, envergonhada  uma idiota, ter estudado tanto e meu salário ser tão inferior ao desses políticos e de outros. Defendo um salário onde nós trabalhadores possamos garantir a nossa família uma vida digna, poder garantir que nossos filhos levem de casa sua merenda para a escola. Defendo uma distribuição de renda justa. Aliás, enquanto nós trabalhamos para sobrevivermos com salários insignificantes (isso quando não somos desempregados), tem essas bolsas dos governos como medida paliativa que na verdade está colaborando para o comodismo de muitos. Há casos onde o dinheiro do bolsa família é usado para outros fins, menos para sobrevivência. Há ainda mulheres que engravidam para aumentar o valor da bolsa que recebe, pensam que isso não acontece? é só se fazer uma pesquisa aprofundada e irão constatar absurdos. O certo seria ao invés de se investir tanto nesses programas paliativos, gerar empregos, renda, oferecer oportunidade de trabalho para as pessoas. Insvestir na educação de qualidade, na formação das pessoas para que sejam livres e autônomas para prover seu sustento de forma digna. Chega de paliativos, chega de comodismos, chega de tanta hipocrisia. Num País tão rico como o nosso, não justifica tanta pobreza, tantos explorados, falta de oportunidades e, ações que não contribuem para a dignidade do cidadão. Anadja

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