quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Só de Sacanagem - por Elisa Lucinda


Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro
viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
  Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
  Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
  É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo
  que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu
pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”,
“Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a
qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba”
e eu vou dizer:
Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
vamos pagar limpo a quem a gente deve
e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo
mas, se a gente quiser,
vai dar para mudar o final!
 

domingo, 27 de janeiro de 2013

Tragédia anunciada!!!!! - Luiz Renato de Araújo Pontes

 
O Brasil inteiro ficou chocado com o incêndio que vitimou mais de trezentas pessoas em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segunda estimativa do comandante do corpo de bombeiro do Estado havia em torno de mil pessoas no interior da boate, quando o incêndio começou.
Atualmente, com a proliferação de bandas de todo tipo musical abriu-se um mercado altamente lucrativo para os empresários, os quais utilizam espaços abertos ou fechados para a realização de shows, atraindo verdadeiras multidões.
A realização de eventos é um empreendimento empresarial como outro qualquer, entretanto, é necessário que os organizadores e o próprio estado garantam a integridade de todos aqueles que ali se encontram para se divertirem.
Infelizmente, no nosso país, talvez por acreditarem na impunidade, certos empresários e mesmo agentes de órgãos públicos, responsáveis pela fiscalização dessas casas de shows ou boates, não cumprem as exigências necessárias de segurança local.
Lembro-me que na França quando alguém reservava um simples auditório para apresentar a defesa de sua tese, mesmo para um público pequeno, imediatamente ele era chamado pela segurança da universidade para se deslocar até o local da apresentação e receber todas as informações necessárias, inclusive mostrando que as portas de saída de emergência deveriam estar todas destravadas.
No Brasil, é o contrário, nenhuma preocupação com a integridade do cidadão, mas depois que a tragédia acontece, autoridades se apresentam na televisão com discursos emocionados e dizem que vão exigir punição para os responsáveis.
Segundo o tenente-coronel Moises Fuchs, a licença contra incêndio da boate estava vencida desde agosto de 2012. Ora, neste caso, além dos empresários o estado também é responsável pela tragédia, pois não fiscalizou, permitindo que a boate funcionasse irregularmente.
Aqui na Paraíba é preciso que nossas autoridades fiscalizem com rigor as casas de shows e boates, verificando com frequência as licenças exigidas, portas de saídas de emergência e que viaturas de plantão observem durante o evento se no interior dessas casas não tem mais gente do que elas realmente suportam, evitando, assim, tragédias anunciadas.
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A quem cabem às soluções - Prof. Luiz Renato (Situação da seca no Nordeste)


Na semana passada, a convite do Deputado Assis Quintans, tive a oportunidade de participar do lançamento da campanha SOS Seca Paraíba, promovido pela Assembléia Legislativa da Paraíba, no hotel Tambaú, em João Pessoa. A campanha é o desdobramento da caravana da seca e visa chamar a atenção do governo federal para os problemas acarretados pelos períodos de estiagem na Paraíba e no Nordeste, exigindo assim ações emergenciais e duradoras de convivências com a seca.
O evento teve a participação da classe política da Paraíba, presidentes de assembléias dos estados vizinhos, de líderes religiosos, pesquisadores, representantes de organizações sociais, universidades e uma importante participação popular.
Os grandes períodos de estiagens no Nordeste deve ser um problema de todos, pois afeta de forma cruel o homem do campo que fica impossibilitado de gerar seu próprio sustento, e a própria destruição da economia do semiárido, repercutindo em toda região: do litoral ao sertão.
O conceituado professor Luiz Carlos Baldicero Molion, PhD em Meteorologia, foi o palestrante convidado pelo evento. Ele mostrou a relação da seca com os fenômenos que ocorrem no Oceano Pacífico. A quantidade de chuva na nossa região está diretamente ligada às variações de temperaturas da água do Pacífico. Este fenômeno ocorre periodicamente, alternando entre períodos em que as águas do pacifico esquentam e períodos que elas esfriam. O professor Molion fez referência à seca de 1951, 1962 e 1972.
Logo, a seca não é um problema dos dias atuais. Nós nordestinos já convivemos com essa realidade há bastante tempo. No entanto, nunca houve uma vontade política de executar soluções de convivência com a seca, para que essa questão seja resolvida em definitivo.
Segundo alguns especialistas, a transposição do rio São Francisco, entre outras ações, parece ser uma iniciativa fundamental para a convivência do homem com a seca. Entretanto, encontra-se na sua grande parte abandonada e sem previsão de conclusão.
Dois líderes religiosos nos fazem refletir: o sempre atuante e respeitado Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, citou os “industriais da seca” que utilizam da calamidade para se beneficiarem e o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira, preocupado com a eternização do problema, questionou: A quem cabem às soluções?

Esse tema é tão antigo que dispensa comentários. O que é preciso mesmo é vontade dos organismos competentes em soluciona-lo. Quanto a essa questão, só Deus na causa. Sou de 1964 e, quando dei meus primeiros passos na escola para compreender o mundo eu já escutava a frase "é grande a Indústria da sêca". Hoje ainda falam sobre essa questão nos meios políticos, na realidade do povo do sertão, nas entidades organizadas da sociedade......... Todo mundo conhece essa história e até podemos como leigos arriscar apontar as soluções de tanto que já escutamos sobre o assunto. Muito bla, bla, bla e solução nada. Ufa! Anadja


domingo, 6 de janeiro de 2013

Solidariedade humana - Professor Luiz Renato

 
O espírito de solidariedade humana deve estar presente em todas as pessoas independente da condição social e econômica.  É através da solidariedade que todos podem exercitar a grandeza da natureza humana, evoluindo e caminhando na direção de um mundo melhor.

Em vários momentos temos observado ao redor do mundo o espírito de solidariedade das pessoas se manifestarem através das grandes calamidades: enchentes, estiagens prolongadas, terremotos, epidemias. São eventos que devastam residências, promove à fome, mortes, tristeza e sentimento de impotência entre aqueles atingidos por essas tragédias.

Atualmente, as tragédias humanas são apresentadas pela grande mídia e redes sociais, propiciando assim que a informação chegue em tempo real nas casas e pessoas. Desta forma cria-se uma rede de solidariedade onde cada um, sensibilizado com a situação, procura se solidarizar da melhor forma dentro do seu alcance.

Entretanto, o homem, ainda em evolução, carrega contradições importantes na sua natureza que o leva a ter um comportamento humano e solidário em um determinado momento e em outro momento um comportamento extremamente individualista e egoísta.

Recentemente, uma manchete em um blog na rede social me chamou atenção: “Trem arrasta carro por 30 metros; populares não socorrem vítimas e saqueiam carga”.  Segundo a matéria, um comerciante tinha feito compras em um supermercado varejista, e ao retornar para casa ele foi atingido por um trem na Ilha do Bispo, ficando ele e os passageiros presos nas ferragens. Apesar da situação grave das vítimas a população preferiu saquear as compras do comerciante a chamar o resgate.

Ao comentar esse fato com um colega ele tentou justificar que a reação daquelas pessoas deve-se ao fato de viverem em condições de extrema pobreza. Entre salvar as vitimas e aliviar por um instante a situação de miséria através do saque, eles preferiram saquear as compras do comerciante. Na sua ótica, o homem com fome vira fera, responde apenas pelo seu instinto, deixa de ser racional.

Para rebater o seu argumento, citei um caso que teve grande repercussão na França. Um jornalista preferiu filmar o afogamento de uma criança a tentar socorre-la. Nesse caso o jornalista era bem pago pela empresa de comunicação e consequentemente não estava vivendo em situação de miséria.

Acredito, entretanto, que a humanidade avançou bastante nas ciências, nas tecnologias, nas artes, mas está cada vez mais decadente do ponto vista ético, moral e humano. É preciso reconstruir o homem e os seus princípios, na sua forma integral.

Luiz Renato de Araújo Pontes

É Professor e Pesquisador da UFPB, Presidente do IDEP – Instituto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba e Coordena o Laboratório de Materiais e Produtos Cerâmicos – LMPC/CT/UFPB.