quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Integração Ensino Serviço

INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO



Como reflexo das transformações científico-tecnológicas, sócias e políticas ocorrida a partir da segunda metade do século XX, a área da saúde vem apresentando mudanças na organização e oferta de serviços, bem como no modelo de formação de profissionais de saúde.
A formação de profissionais de saúde no Brasil, como em outros países, passou a ser objeto de análises e reflexão, nas últimas décadas do século XXI, no sentido das possibilidades de resposta ás necessidades de saúde da sociedade brasileira. As influências da incorporação tecnológica e da lógica de mercado na área da saúde vêm atuando na nossa sociedade na direção do modelo biomédico, centrado no profissional médico e na valorização dos procedimentos, elegendo o hospital como espaço privilegiado na formação dos profissionais. A fragmentação do ensino em disciplinas, a organização da academia ou serviços em departamentos, à extrema divisão técnica do trabalho e a dicotomia entre teoria/prática têm contribuído, de modo expressivo, para o adiamento da terminalidade na formação r para a valorização da especialização, com perda da racionalidade integradora, do pensamento complexo e do cuidado integral à saúde.
Parlamente a essas influências, a instituição do Sistema Único de Saúde – SUS , pela constituição de 1988, originou uma das políticas sociais mais potentes e inclusivas do país e um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, de maneira contra hegemônica à lógica neoliberal observada nos outros países latino-americanos , á mesma época.
As disputas de diferentes interesses no contexto da produção de serviços de saúde e na formação de profissionais de saúde têm, desde então, gerado tensões nesse campo que de modo produtivo passou a ser objeto de reflexão e produção de conhecimento e produção de conhecimento e de iniciativas inovadoras. Na confluência das áreas de saúde, gestão e educação, um novo marco referencial vem sendo construído a partir do aprofundamento teórico e do diálogo entre os princípios do SUS: universalidade, equidade e integralidade e as inovações pedagógicas trazidas por abordagens educacionais emancipadoras e crítico-reflexiva.
A integralidade teórico/prática, o trabalho multiprofissional e em equipe, a integralidade do cuidado à saúde com co-responsabilização e formação de vínculo e a parceria entre os mundos do trabalho e da academia vêm potencializando e reorganização tanto do modelo de cuidado como de formação, visando o enfrentamento das necessidades de saúde, para as quais o modelo biomédico mostra-se insuficiente.
No Brasil, diversas iniciativas de parceria entre serviços saúde e centros de formação foram viabilizadas ora com apoio e organização internacionais, ora incentivos e/ou diretrizes governamentais voltadas ao estímulo da parceria e da articulação entre a academia, os serviços de saúde e/ou a comunidade, no sentido de enfrentamento das necessidades de saúde da sociedade, com foco nas atividades de ensino, extensão e pesquisa. O pacto pela Vida e de Gestão em defesa do SUS reforça o papel do Município na articulação e cooperação com a construção e implementação de iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profissões de saúde de acordo com as diretrizes do SUS.
Assim, as Redes Escolas de Cuidados em construção em construção em muitos municípios brasileiros vão além dos espaços institucionalizados de cuidado à saúde no município e dos espaços de formação da Universidade, abrangendo todo os espaços do território onde ocorrem, ou podem ocorrer, ações de cuidado à saúde e de formação, que focalizando estudantes de graduação, pós-graduação ou profissionais de saúde em processos de educação permanente.
Este “novo território” de cuidado aprendizagem configura um espaço de intervenção de sujeitos coletivos disputando o caminhar do dia-a-dia com normas e regras, valores éticos, sociais e culturais que pelas diversas escolhas dos diferentes atores acarreta embates constantes, dando um caráter tensional a este território. O território representa a confluência dês mundos da formação, do trabalho e do cotidiano dos indivíduos, famílias e comunidade exigindo dos atores um diálogo permanente que favoreça a construção de novas possibilidades para o cuidado em saúde, que considere o usuário ocupando o centro desta arena com efetivo ganho de autônima no seu modo de “andar a vida”.
Faz-se necessário então uma instância de análise e deliberação da política de formação e de cuidado à saúde enquanto espaços formal e sistemático para a construção dessas políticas, visando a organização de uma Rede Escola-Conselho de Parceria. A socialização de informações, o diálogo entre distintas perspectivas, a negociação de estratégias e de ações conjuntas e a co-responsabilização pela execução das ações aprovadas devem ser considerados na elaboração das atribuições de Conselho. Dentre as atribuições podem ser incluídas: estabelecer, acompanhar e avaliar as políticas de formação profissional e de cuidado em saúde no contexto da relação Escola e Municípios; integrar as ações da Escola e Município relacionadas à formação profissional e aos cuidados à saúde da população, visando garantir os princípios do SUS; encaminhar, quando for o caso, as deliberações para a apreciação dos conselhos superiores de cada parceiro, propor instrumentos legais que regulamente as condições básicas para a institucionalização das políticas de formação profissional e de cuidado à saúde; elaborar o estatuto e regimento para a regulamentação das atribuições do Conselho de Parceria, dentre outras.
Desta forma, o desafio colocado para os gestores é o da produção de um cuidado em saúde que cause impacto e que responda às necessidades de saúde de indivíduos, famílias e comunidades. Para tanto, faz-se necessário “olhar” para os modos vigentes de governar os processos e recursos na produção de cuidado de Rede Escola com ênfase na Atenção Básica.
Para as escolas de formação em saúde, o desafio colocado é o da ampliação do papel formador, re-significando-o, para atender as necessidades sociais das pessoas e da sociedade.
Nesse sentido, uma aliança entre trabalho e formação, que reconheça que tanto os processos de formação como os de trabalho produzem conhecimento técnico-políticos, deve batizar o compromisso social das instituições formadoras e uma nova participação do SUS na formação dos profissionais de saúde.

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