Entre
1992 e 93, enquanto servidor técnico administrativo da UFPB, trabalhei na
Creche Escola da Universidade. Naquele tempo o nome era bem mais condizente com
a sua função, se chamava Centro de
Convivência Infantil (CECOI). Foram dois anos de muito aprendizado e
trabalho com pessoas que, no sentido mais estrito da expressão, se dedicavam de
corpo e alma à escola e à educação das crianças ali matriculadas. Lá havia servidores
docentes e técnicos da UFPB e também varias professoras da prefeitura de João
Pessoa que prestavam serviço no CECOI, porque a Universidade não
disponibilizava um corpo funcional suficiente para o atendimento da comunidade
que se servia da escola.
Tínhamos
lá filhos de professores, técnicos, alunos e da comunidade do entorno da UFPB.
Muitas crianças nós atendíamos, muitos sonhos nós tínhamos e muito desejo de
acertar e contribuir para que elas se sentissem felizes e capazes de viver com
plenitude as suas vidas. Nossa atenção e cuidado não era necessariamente com os
adultos que elas se tornariam, mas com a criança que ali estava com seus
desejos, medos e esperanças. Sabíamos que cuidar da criança era acalentar o
adulto saudável que viria com o tempo. Espero que tenhamos conquistado algumas delas
e, assim, atingido nossa meta.
Volto
a Creche vinte anos depois e me deparo com várias colegas daquele tempo.
Carregando seus sonhos, apostando na educação e acreditando na criança como um
ser capaz, não como um projeto de adulto. Ouvi suas queixas e, infelizmente,
percebo, mesmo com a avalanche de incentivos financeiros recebidos pela nossa
universidade, que ainda são as mesmas necessidades do início dos anos 90: o material
é insuficiente, faltam professores e funcionários, as dificuldades são inúmeras
e os recursos parcos. O espaço físico até
cresceu, mas não foi acompanhado da necessidade e do desejo de ampliar o
atendimento, que viria através da implantação do ensino fundamental. O que me
deixou mais atordoado, entretanto, foi saber que o teto de gesso de ALGUMAS das
salas recém construídas tinha caído. Sim! E só não tivemos um grave incidente
com as crianças porque aconteceu em um domingo.
Só recentemente, em tantos anos de história,
houve concurso e contratação de professores para atender especificamente aquele
setor (duas, contratadas este ano). Mas este ato de última hora está longe de
suprir a carência de pessoal daquela escola. Só agora em 2012, dos 18
servidores técnicos, seis estão em tempo de aposentadoria. Dos 16 professores
da escola, seis têm 30 anos ou mais de tempo de serviço e 12 estão entre 50 e
59 anos de idade. A Escola, portanto, continua pedindo socorro e a UFPB, que
deveria ter esse como um espaço de pesquisa, ensino e extensão para diferentes
cursos de licenciatura, simplesmente ignora o pedido daquelas professoras (es),
técnicos(as) e, em última análise, das próprias crianças.
A
Universidade viva que queremos, aquela que cheia de compromissos com a nossa
gente e os seus problemas, capaz de pensar o insólito e apostar no nosso
destino de superação dos condicionantes que nos mantêm presos a um círculo
vicioso de pobreza e ignorância, não pode esquecer o seu compromisso com a
educação. Menos ainda com aquela destinada aos filhos de seus servidores e
alunos. Somos os primeiros a fazer a crítica da educação infantil e básica no
país, mas estamos esquecidos daquela que está sob o nosso cuidado. Isso lembra
um velho ditado árabe que diz: “Aquele
que diz que sabe, mas não faz, ainda não sabe”.
Nesse momento queremos aplicar à Creche o que
vimos anunciando nas nossas conversas e proposições: “A UFPB do futuro, você
faz agora”. Sim, é você quem pode fazer, iniciando agora na eleição para reitor.
Não dá mais para manter situações como esta, entre inúmeras outras, dentro da
própria Universidade. VAMOS JUNTOS CONSTRUIR UMA UNIVERSIDADE VIVA,
PARTICIPATIVA E SOCIALMENTE REFERENCIADA. ESSA POSSIBILIDADE, ACREDITE, É REAL!
Prof.
Ricardo Lucena*
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