segunda-feira, 21 de março de 2011

Luiz Renato de Araújo Pontes - Pró-Reitor/UFPB

Educação: 62 anos depois

         “Educação”. É um tema recorrente em todas as discussões quando se aborda a questão de desenvolvimento econômico e social de uma região ou de qualquer país.
         Sempre se coloca como exemplos os países já desenvolvidos e os países em desenvolvimento, como a Coréia, que deu um salto importante na economia e na melhoria de vida da população através de fortes investimentos na educação.
         No Brasil, apesar de hoje já haver uma consciência da importância da educação como fator importante de desenvolvimento econômico e social, este tema, “educação”, parece que tem mais visibilidade apenas nos períodos de eleições, seja municipal, estadual ou federal. Os discursos dos candidatos ao legislativo ou executivo abordam sempre com muita propriedade a necessidade de mais investimento e maior compromisso com a educação do nosso país.
         Entretanto, após as eleições, o que se observa é que esse tema deixa de ganhar importância e outros temas passam a ser mais importante para nossos governantes – acredito que não colocar a educação como prioridade máxima nas administrações públicas, é um equívoco de alguns governantes.
         Eu, como professor universitário, não posso deixar de reconhecer que o Brasil avançou bastante no governo Lula com a expansão e interiorização das universidades brasileiras. As universidades brasileiras receberam e ainda recebem os recursos necessários para essa expansão.
         Pois, o mesmo não se pode dizer do ensino fundamental e médio, sobretudo, em quase a totalidade das cidades do interior dos estados brasileiros.
         Em recente conversa com Dr. Ezequiel Braz de Macedo, médico paraibano radicado em Pernambuco, hoje com 84 anos, e ainda atuando na área médica, ele me relatava da dificuldade de fazer seu estudo fundamental e médio no interior da Paraíba, na época – há cerca de 70 anos passados. Sendo obrigado a deixar a família, em 1949, para estudar no Colégio Marista em Recife.
         Após realizar seus estudos - fundamental e médio, e concluir o curso de medicina, fixou residência no sertão de Pernambuco numa cidade chamada “Pedra”.
Seu trabalho como médico competente e íntegro é reconhecido em toda a região, sendo inclusive tema de uma matéria divulgada em todo o Brasil pelo programa “fantástico” da Rede Globo, onde foi entrevistado e foi apresentada a sua trajetória profissional, como médico da região, com um número impressionante de procedimentos em torno de 22 mil partos já realizados.
         Durante a nossa conversa agradável e enriquecedora, Dr. Ezequiel Braz me dizia que suas netas mais novas estavam este ano indo estudar na cidade de Recife, deixando assim como ele, há 62 anos, o convívio familiar para poder ter uma boa formação escolar.
         Logo, apesar dos discursos, a realidade da educação básica para os nossos irmãos das cidades interioranas continua a mesma, infelizmente, após 62 anos.

Realmente, os discusos dos candidatos em épocas de eleição nos faz reacender a esperança as vezes adormecida de futuro melhor para o povo. Com toda a certeza, a educação é o  caminho para a libertação/superação/transformações de um povo. Mas tenho dúvidas se é nisso que os governantes acreditam ou defendem. Anadja
        
                                                                   

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