As universidades públicas brasileiras, como todas as
universidades no mundo, têm a participação dos diferentes segmentos sociais. Os
nossos estudantes do ponto de vista socioeconômico apresentam um perfil dos
mais variados, pertencendo a famílias verdadeiramente carentes até as mais
abastadas.
Por muito tempo escutamos críticas às universidades,
por parte da sociedade, no sentido de que nas instituições de ensino superior
públicas do Brasil estudam os filhos de ricos, restando apenas às instituições
privadas para os de menor poder aquisitivo. Uma das razões é o fato da baixa
qualidade das escolas públicas de ensino fundamental e médio, fazendo com que
os estudantes dessas escolas tenham dificuldade no processo seletivo das
universidades públicas; enquanto, que os de maior poder aquisitivo estudam em
escolas privadas de melhor qualidade, facilitando assim o acesso a essas
universidades. É necessária uma política mais agressiva por parte dos governos
no sentido de melhorar a qualidade das escolas públicas do ensino fundamental e
médio, possibilitando assim igualdade de condições dos estudantes no processo
seletivo.
A concentração das universidades nas grandes cidades
também dificulta o deslocamento e permanência dos estudantes carentes nessas
cidades. Iniciativas por parte do governo como: expansão das universidades nas
diferentes cidades do interior do país, aumento do número de vagas e programas
de cotas, estão possibilitando o acesso às universidades públicas de um número
maior de estudantes provenientes de famílias carentes. Entretanto, é preciso
que as universidades utilizem bem os recursos provenientes do Plano Nacional de
Assistência Estudantil (Pnaes) do Governo Federal para que o estudante possa
ter as condições necessárias de se manter durante todo o seu curso. O Pnaes
oferece assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, a saúde,
inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico. As ações são
executadas pela própria instituição de ensino, que deve acompanhar e avaliar o desenvolvimento
do programa.
Fui estudante na Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) e hoje como professor verifico que os mesmos problemas que todos nós do
movimento estudantil reivindicávamos com relação à assistência estudantil,
como, por exemplo: biblioteca, assistência à saúde, restaurante e residência
universitária continuam até hoje. É preciso que os dirigentes das universidades
entendam que a assistência estudantil é importante para a boa formação de
nossos estudantes, sobretudo para os mais carentes.
Luiz Renato de Araújo Pontes
Professor e pesquisador da UFPB
professorluizrenato@gmail.com
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