O carnaval tornou-se a festa mais tradicional do país. Diferente das demais festas tradicionais, ela não se caracteriza pela tradição de uma região, mas de todas as regiões brasileiras. O carnaval também se diferencia das demais, por ser uma festa democrática, cujas pessoas, independentes das condições socioeconômicas, saem juntas às ruas. Podemos, assim, apreciar uma grande massa humana acompanhando as bandinhas ou trios elétricos, numa verdadeira explosão de alegria.
Durante o período carnavalesco algumas pessoas aproveitam suas fantasias para expressar seus sentimentos com relação aos diferentes temas: política, economia, violência, enfim, tudo aquilo que afeta diretamente suas vidas. Outras usam apenas máscaras, encobrindo o rosto. Nesta segunda categoria, encontramos frequentemente alguns políticos que, como a nobreza em Veneza no século XII, utilizam o disfarce para se misturar com o povo. A prática desonesta de alguns mandatários não permite que eles se misturem com o povo sem máscara, ou seja, de cara limpa.
Este ano, talvez, seja o último ano que esse tipo de político vai descer as ruas. O Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta feira, considerou constitucional a Lei de Ficha Limpa. Assim, por força da lei, os maus políticos serão varridos das atividades públicas e igualmente das passarelas dos carnavais.
A decisão do STF consagra o anseio da população brasileira, que conseguiu através de um a grande mobilização formar um grande bloco contra a corrupção no nosso país. Em todo país, a mobilização pela Lei de Ficha Limpa, liderado pelo Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), coletou mais de dois milhões de assinaturas.
O sucesso desta mobilização mostra que o povo brasileiro cansou de tanta corrupção. No meu entendimento, a corrupção é responsável por todos os males em nosso país. Enganam-se os que pensam que podem iludir o povo com pão e circo. No Brasil, mais circo do que pão.
O Carnaval continuará sendo uma grande festa, um grande circo, o que vai mudar, a partir da decisão do STF, é que não haverá mais espaço para os blocos dos conhecidos fichas sujas, abrindo a passarela para os blocos dos desejados fichas limpas.
Luiz Renato de Araújo Pontes
É Professor e Pesquisador da UFPB e Coordena o Laboratório de Materiais e Produtos Cerâmicos – LMPC/CT/UFPB.
Adorei esse artigo. Só espero que a Lei da ficha limpa, não seja apenas mais uma Lei nesse País não cumprida, burlada, desrespeitada. Anadja
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