domingo, 7 de agosto de 2011

Andifes e os ricos

A imprensa brasileira divulgou recentemente pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a qual mostrou o perfil dos estudantes das Universidades Federais. Segundo a pesquisa 57% dos estudantes dessas Universidades são ricos.

Com todo o respeito à Andifes que presta um serviço relevante para o engrandecimento da educação superior de nosso país, não acredito que levar esse debate para a sociedade, fazendo crer que as nossas Universidades Federais são compostas de estudantes ricos possa contribuir com alguma coisa.

Foi com um discurso parecido que o ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, praticamente desmontou as Escolas Técnicas Federais. Ele utilizou um argumento, entre outros, que os alunos das Escolas Técnicas não estavam atuando como técnicos, mas indo fazer cursos universitários. Ora, se os alunos estavam indo fazer Escola Técnica e depois prestavam um vestibular, era porque as Escolas Técnicas, por excelência, davam as condições para que o aluno optasse entre seguir como técnico ou tentar uma carreira universitária.

Não acredito que a Andifes esteja utilizando nenhum discurso fácil e privatizante, pois conheço a integridade e o espírito público dos Reitores que foram eleitos democraticamente pela comunidade universitária. Entretanto, é preciso ter o cuidado de como essa informação chega à sociedade, até porque em um país com uma grande população de miserável qualquer um pode ser considerado rico. Será que a classificação de ser rico está realmente apropriada?

Fui estudante da Universidade Federal da Paraíba e sou professor dessa mesma instituição desde 1985. Francamente, durante todo esse tempo que convivo com essa instituição não posso concordar com a pesquisa.  O que tenho observado são alunos com melhores condições financeiras que outros, mas longe de classificar como uma instituição majoritariamente de estudantes ricos.

Acredito que a Andifes poderia contribuir muito mais com a educação, além do que já faz, utilizando sua respeitabilidade para pressionar os governos para que o ensino fundamental e médio venha a ser mais valorizado, melhorando assim a base da educação superior. Dessa forma, mais alunos, independente de classe social, poderão ter acesso ao ensino superior público, além desses mesmos alunos ingressarem nas universidades já com uma boa formação educacional e cultural. 

Enfim, não é divulgando o “perfil socioeconômico” de nossos alunos que vamos mudar o quadro da educação superior, mas, sobretudo, nivelando a competência educacional e cultural dos alunos que ingressam nas Universidades.

Luiz Renato de Araújo Pontes
Pró-Reitor/UFPB

Concordo plenamente com esse artigo. O ensino público é que deve ser mais valorizado  e com mais investimento dos governos, inclusive com valorização dos professores e trabalhadores da área. Vou ainda mais a fundo, é preciso que os pais além de investir, acompanhar a vida escolar dos filhos, devem se empenhar na educação doméstica, essa é importante inclusive na vida escolar de uma pessoa.Até concordo que há certa acessibilidade nas universidades de alunos que estudam em boas escolas particulares, mas, o foco deve ser em maior investimento no ensino público, para que os alunos da rede pública  possam competir em pé de igualdade com alunos da rede privada. Anadja

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