terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"O morro do Alemão" - 07/12/2010 "Luiz Renato de Araújo Pontes"

O morro do Alemão
O morro do Alemão que deveria ser chamado o morro do Polonês, em homenagem ao seu fundador, polonês, Leonard Kaczmarkiewicz, tornou-se o complexo do alemão com um conjunto de favelas construídas sobre a serra da misericórdia, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Desde que Leonard - com características físicas alemã, daí chamado de Alemão - dividiu o terreno em lotes, na década de 50, foi dado o início da ocupação do morro e, hoje, esse complexo de favelas possui uma densidade habitacional seis vezes maior que a média por habitante do município do Rio de Janeiro.
Extremamente populosa e de baixíssima cobertura social pelo Estado, os cidadãos de bem que ali habitavam e os que até hoje habitam passaram a serem reféns de bandidos que lhes proporcionavam “vantagens” ao preço do silêncio.
Em conseqüência da ausência do Estado, promiscuidade entre bandidos e parte da população abatida pelo medo, gerou-se uma área de extrema violência e conflitos, tornando-se um verdadeiro “Estado Paralelo” com diferentes facções criminosas onde a moeda corrente é a droga.
Com um grande volume de recursos provindos do tráfico de drogas, essas facções avançaram no sentido de financiar bandidos para, quiçá, até torná-los políticos com poder de voto nas casas legislativas, gerando de forma indireta (direta) força “política”, também, junto ao poder executivo, além de financiar profissionais de todas as áreas especificas para darem suporte às investidas e defende-los quando necessário.
Nestes últimos dias por pressão da sociedade que não suporta mais tanta violência, o Estado do Rio de Janeiro, com o apoio do Governo Federal, montou uma verdadeira estrutura de guerra, envolvendo marinha, exército, policia civil e militar com o objetivo de retomar das mãos das facções criminosas o controle do complexo do alemão.
Esta iniciativa, embora tardia, mereceu e merece os aplausos e apoio da sociedade carioca. Entretanto, é de conhecimento de todos nós que as ações repressivas são recursos extremos utilizados pelo fato do Estado não ter cumprido seu papel de fazer a prevenção através das ações socioeconômicas necessárias para aquelas comunidades viverem dignamente.
Esperamos que essa operação de retomada do complexo do alemão, considerada com sucesso pelos militares e pelo Governo do Rio de Janeiro, venha acompanhada de um plano efetivo de resgate da dignidade humana face o estado de miséria que vive aqueles brasileiros que habitam naquelas comunidades.
A população brasileira espera que o desempenho eficiente dos órgãos envolvidos na intervenção em defesa da ordem pública vista nestes últimos dias, não se transforme em pirotecnia, mas, sim, que seja o início da construção de um novo mundo prá aqueles que ali moram com a efetivação de políticas públicas que justifiquem a existência do Estado brasileiro.


Considerações:
Resolvi postar a matéria acima no meu blog por considerá-la rica de informações quanto a história da origem do Morro do Alemão/RJ e sua população bem como pela relevância da análise feita pelo autor acerca da situação que ali se instalou. Concordo que o Estado tem papel fundamental na recuperação da dignidade daquela população, que deve cuidar, zelar pelo seu bem estar social e mental. Ressalto que, a violência infelizmente se instalou em outras grandes cidades do País e, portanto ações das forças armadas como a do Complexo do Alemão devem ser extensivas a essas cidades, onde a população também está a mercê da bandidagem. Porém, vale salientar que o Estado tem sim que fazer/cumprir seu papel, mas, a sociedade também tem deveres, responsabilidade com a vida de todos, seja na educação/orientação com os filhos, no cuidado com o lixo de sua casa, nas visitas que devem ser feita na escola para observar a vida escolar dos filhos, na orientação para que seus filhos não engravidem sem planejamento, na necessidade de usar  preservativos, anti concepcionais para evitar doenças e gravidez indesejada, ao mostrar aos filhos a importância do respeito ao próximo e aquilo que não lhe pertence, a ceder seu lugar no ônibus, em filas aos idosos e gestantes, a não utilizar as vagas destinadas a portadores de necessidades especiais, a não incentivar o uso de tudo que a mídia apresenta, orientar quanto a importância de trabalharmos o lado espiritual e não só o material.... Precisamos rever que valores estamos cultivando entre nós, pois apesar de vivermos numa sociedade mercadológica, onde o sistema econômico capitalista se recria/sobrevive da exploração humana, é importante alertarmos que precisamos rever valores, comportamentos, decisões, ações, atitudes já que é óbvio que os frutos que plantamos nos caminhos que construímos e/ou escolhemos ao longo de nossas vidas somos nós mesmos que os colhemos.
Nadiru

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