terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O mendigo a burguesa e a fé - Luiz Renato de Araújo Pontes

No mês de dezembro, as pessoas se tornam mais sensíveis, talvez movidos pelo espírito natalino. Neste período, as igrejas estão sempre lotadas de fiéis, agradecendo a Deus pelos benefícios adquiridos durante o ano e renovando pedidos para o ano que se aproxima.

A igreja talvez seja a única edificação que pobres, ricos, mendigos e burgueses podem entrar ao mesmo tempo, inclusive sentando lado a lado. É um espaço verdadeiramente eclético e democrático. 

No domingo, em uma dessas igrejas, um mendigo que se encontrava na calçada da igreja e prestes a entrar para participar da missa, parou por um momento para deixar passar um carro de luxo que vinha transportando alguém que como ele deveria ir também à missa.

Neste momento, o carro de luxo pára, praticamente em cima dos batentes que permite a chegada na porta principal daquela igreja. O mendigo naquele instante pensou: “a vontade desta senhora talvez fosse entrar na igreja com o carro e tudo, assim teria contato sozinha com o “Deus” que ela imagina ser dela e não teria que se aproximar de todos nós mendigos igualmente filhos de Deus”. 

O mendigo parado ali na calçada pode observar quando o motorista desceu, não para ir para missa, mas para abrir a porta para sua patroa descer. Era uma senhora bem vestida, com roupas compradas em butiques provavelmente em outro país (pensa ele), pois, nunca tinha visto tanto luxo em uma mesma roupa, além de uma grande quantidade de jóias de ouro ao redor do pescoço e braços. 

Por um instante, ao adentrarem na igreja, por acaso, os olhares do mendigo e da burguesa se encontraram, e, daí fez com que ambos, mesmo sem se falarem, fizessem uma reflexão. O mendigo pensou com ele mesmo: esta senhora aparentemente tão rica tem um olhar tão triste. A burguesa por sua vez pensou: este mendigo tão maltrapilho parece ser tão feliz.

Naquele instante é anunciada a entrada do Padre e todos se posicionam com atenção ao representante da igreja. Mas, durante toda missa, o mendigo não saia do pensamento da burguesa nem a burguesa saia do pensamento do mendigo.

Após a cerimônia, a burguesa não se conteve e se aproximou do mendigo perguntando: como o senhor tão pobre pode ter um ar de tamanha felicidade?

O mendigo respondeu com uma pergunta: durante toda a missa a senhora orou para pedir o que? Ela respondeu. Orei pedindo a Deus um emprego para meu filho, um casamento com um homem rico para minha filha, que as empresas de meu marido cresçam..., continuou, o senhor sabe que agente nesse mundo precisa ter as coisas para ser respeitado, mas parece que o meu Deus não está me escutando. E o senhor? Orei para que Deus nunca permita que eu perca minha fé, pois enquanto eu tiver fé eu tenho a certeza que Deus me proverá de felicidade.

Que neste Natal, assim como o mendigo, oremos para que nossa fé esteja cada vez mais fortalecida e que todos sejam felizes, são os meus votos de FELIZ NATAL.

Realmente estamos sempre pedindo coisas a Deus. As vezes agradecemos, outras não. Sempre nos esquecemos de pedir o que realmente faz a diferença " o alimento espiritual " que fortaleça a nossa fé, esperança e perseverança. É fundamental pedirmos e agradecermos sempre a Deus por tudo o que temos e, pelo que não temos, pois, a vontade de Deus nem sempre é a nossa, pois só a sabedoria Divina nos guia pelos caminhos certos. Que possamos aprender com o mendigo, a burguesa e a fé.
Anadja Rios

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