Grande parte da região Nordeste tem como base o desenvolvimento da
agricultura e da pecuária. Entretanto, as longas estiagens cada vez mais
frequentem têm provocado grandes prejuízos nessas áreas, levando
inclusive a migração dos nordestinos para outras regiões.
Entre os municípios nordestinos existem aqueles que fazem parte do
polígono das secas, reconhecidos como sujeitos a repetidas crises de
prolongamento das estiagens e, consequentemente, objetos especiais de
providencias do setor público. No momento, esses municípios, segundo
especialistas, vivem umas das piores secas já vista na região.
Particularmente, na Paraíba, estamos presenciando cenas lamentáveis
provocadas pela falta de água. São mulheres e crianças que se deslocam
sob forte ação do calor para buscarem água, muitas vezes poluídas, para o
preparo do pouco alimento que ainda resta. Existem grandes áreas que
parecem mais cemitério de animais onde suas carcaças são vistas
espalhadas nas terras secas e rachadas.
Diante do grave problema ocasionado pela seca os deputados
paraibanos, através da Assembléia Legislativa (ALPB), organizaram a
Caravana da Seca com o objetivo de ouvir as reivindicações da população e
elaborar uma pauta de prioridades do Estado neste momento de estiagem,
como disse o presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Ricardo
Marcelo.
Acredito que seja importante essa visita dos deputados pelos
diferentes municípios atingidos pela seca para conversar com a população
local e se solidarizar com o sofrimento do povo, mas a grande maioria
desses deputados é originária dessas regiões e conhecem muito bem essa
realidade, que é uma constante ao longo do tempo.
Logo, é preciso ações mais constantes e firmes, independente de
período de estiagem, como o andamento e conclusão da transposição do rio
São Francisco e um projeto de fortalecimento da economia local que não
seja baseado apenas no desenvolvimento da agricultura e pecuária.
A transposição do rio São Francisco, apesar de importante, não será a
redenção do Nordeste. É precioso desenvolver projetos econômicos para a
região que não sofram com os efeitos das estiagens. Polos de
informática podem ser um entre tantos outros que devem ser incentivados
pelas políticas de desenvolvimento.
Luiz Renato de Araújo Pontes
É Professor e Pesquisador da UFPB, Presidente do IDEP – Instituto
UFPB de Desenvolvimento da Paraíba e Coordena o Laboratório de Materiais
e Produtos Cerâmicos – LMPC/CT/UFPB.
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