segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Seca e desenvolvimento - Luiz Renato de Araújo Pontes

Grande parte da região Nordeste tem como base o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. Entretanto, as longas estiagens cada vez mais frequentem têm provocado grandes prejuízos nessas áreas, levando inclusive a migração dos nordestinos para outras regiões.
Entre os municípios nordestinos existem aqueles que fazem parte do polígono das secas, reconhecidos como sujeitos a repetidas crises de prolongamento das estiagens e, consequentemente, objetos especiais de providencias do setor público. No momento, esses municípios, segundo especialistas, vivem umas das piores secas já vista na região.
Particularmente, na Paraíba, estamos presenciando cenas lamentáveis provocadas pela falta de água. São mulheres e crianças que se deslocam sob forte ação do calor para buscarem água, muitas vezes poluídas, para o preparo do pouco alimento que ainda resta. Existem grandes áreas que parecem mais cemitério de animais onde suas carcaças são vistas espalhadas nas terras secas e rachadas.
Diante do grave problema ocasionado pela seca os deputados paraibanos, através da Assembléia Legislativa (ALPB), organizaram a Caravana da Seca com o objetivo de ouvir as reivindicações da população e elaborar uma pauta de prioridades do Estado neste momento de estiagem, como disse o presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Ricardo Marcelo.
Acredito que seja importante essa visita dos deputados pelos diferentes municípios atingidos pela seca para conversar com a população local e se solidarizar com o sofrimento do povo, mas a grande maioria desses deputados é originária dessas regiões e conhecem muito bem essa realidade, que é uma constante ao longo do tempo.
Logo, é preciso ações mais constantes e firmes, independente de período de estiagem, como o andamento e conclusão da transposição do rio São Francisco e um projeto de fortalecimento da economia local que não seja baseado apenas no desenvolvimento da agricultura e pecuária.
A transposição do rio São Francisco, apesar de importante, não será a redenção do Nordeste. É precioso desenvolver projetos econômicos para a região que não sofram com os efeitos das estiagens. Polos de informática podem ser um entre tantos outros que devem ser incentivados pelas políticas de desenvolvimento.
Luiz Renato de Araújo Pontes
É Professor e Pesquisador da UFPB, Presidente do IDEP – Instituto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba e Coordena o Laboratório de Materiais e Produtos Cerâmicos – LMPC/CT/UFPB.

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